
Açores | 24 horas em São Miguel
Conhecer alguma coisa em apenas 24 horas em São Miguel, nos Açores, parece uma difícil missão, mas não é!
Com um carro e uma boa dose de loucura é possível!
Loucura na ousadia de ir num dia e vir no outro, porque de resto é algo que se faz tranquilamente e sem pressas.
Fomos em Janeiro, num sábado, com partida de Lisboa às 07h35 e chegada às 09h05.
Regressamos no domingo, com partida às 09h40 de Ponta Delgada e chegada às 13h a Lisboa.
Gastamos pouco mais de 60€ no voo ida e volta para duas pessoas (Easyjet).
Aproximadamente 24 horas em São Miguel parece pouco, mas na verdade não é.
O tempo foi tão bem aproveitado que, quase, pareceu uma eternidade…
O facto de termos um carro permitiu que a deslocação fosse muito mais simples e ao nosso ritmo.
Não existe muito trânsito na ilha, os acessos são ótimos e as estradas são boas (mas há sempre o risco de encontrarmos umas vaquinhas nas estradas menos comuns ou até no meio de uma aldeia).
É possível que algo deste género vos aconteça, mas mantenham a tranquilidade… se fossem ursos era muito pior.
Estas vaquinhas são calmas e nota-se que já estão habituadas a congestionar o trânsito.
Como o tempo era curto, tentámos focar-nos nos principais pontos de interesse.
Eu já conhecia algumas partes da ilha.
Em 2009 fui a São Miguel em trabalho e tive oportunidade de conhecer alguns dos locais mais bonitos.
Assim sendo, partimos do aeroporto de Ponta Delgada em direção a um dos sítios que achei mais interessante na primeira visita: a Lagoa das Sete Cidades (considerada uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal).
Infelizmente o nevoeiro não permitiu que vislumbrássemos a beleza deste fantástico lugar.
Apenas conseguimos ver a lagoa na zona de baixo, mesmo assim não se conseguia ver tudo.

Para não perderem tempo em deslocações e depois não conseguirem ver a Lagoa das Sete Cidades devido ao mau tempo, recomendo que acedam ao site SpotAzores.
Aí conseguem verificar se existem condições meteorológicas para fazerem a visita.
É um site que permite ver em tempo real através de várias webcams nos locais mais visitados das várias ilhas do arquipélago.

Resolvemos fixar o nosso próximo destino na Caldeira Velha.
Fizemos o percurso sempre pela costa e, em conclusão, achamos alguns locais da zona norte da ilha bastante idênticos.
As praias são rochosas e sempre de areia preta.
No entanto, é uma beleza única e diferente.
Nesta zona da ilha, ao contrário da Lagoa das Sete Cidades, o céu estava praticamente limpo.
Apesar de não ser uma ilha muito grande, é possível que a meteorologia seja bastante diferente em pontos distintos.

Não conhecia a Caldeira Velha e confesso que foi um dos sítios que mais me impressionou.
Além de sentir que estava num país totalmente diferente, tive oportunidade de me sentar e relaxar um pouco e apreciar a natureza envolvente.

Só tive pena de não entrar na água quentinha, mas como só íamos ficar 24 horas em São Miguel, tivemos de fazer opções.
Afinal, não é em qualquer lado que se pode entrar numa água entre os 35º C e os 38º C, ao ar livre, em pleno Janeiro.
Aqui podem!
Ainda na Caldeira Velha, existe uma pequena poça anexada e aquecida por esta fumarola das fotografias.
Nestas imagens podem reparar nas bolinhas que saem da água, trata-se de uma das manifestações de vulcanismo secundário.
A água encontra-se em estado de ebulição.

Continuando pelo campo fumarólico da Caldeira Velha encontramos esta lindíssima nascente de água.
A sua cor acastanhada deve-se à grande abundância de ferro existente na água (apesar de, quase, não ser percetível na fotografia).
A temperatura desta cascata ronda os 25º C.
Esta zona encontra-se preparada com vestiários para quem quiser tomar um banho de água quente.
Existe ainda um Centro de Interpretação Ambiental, onde facilmente se consegue perceber a constituição vulcânica da ilha. É muito interessante!
Para conhecer toda esta zona da Caldeira Velha é necessário pagar a entrada que tem o preço base de 2€ por pessoa.
Podem obter mais informações no Facebook do Centro de Interpretação Ambiental da Caldeira Velha.

Daqui partimos em direção à Lagoa do Fogo.
É considerada por muitos a mais bonita da ilha.

A caminho ainda fizemos uma paragem no Miradouro da Bela Vista.
Aqui consegue ter-se uma boa perceção geográfica desta zona da ilha.
Eu confesso que, apesar de nesta viagem não ter conseguido ver a Lagoa das Sete Cidades, fiquei muito satisfeita por conhecer a Lagoa do Fogo.
Achei lindíssima, mas de difícil comparação.
Ambas são incrivelmente bonitas, mas é bem mais pequena do que a Lagoa das Sete Cidades.

Decidimos que a próxima paragem seria nas Caldeiras das Furnas.

Foi uma das zonas que também conheci na primeira vez que fui a São Miguel.
É aqui que se coloca o tradicional cozido à portuguesa, em buracos estratégicos, para ser confecionado com o calor da terra vulcânica.
São muitos os restaurantes, sobretudo na zona envolvente às Furnas, que têm esta especialidade na sua ementa.
Os buracos onde confecionam o cozido estão geralmente assinalados com o nome do restaurante e o número de telefone para reservas.
As temperaturas são bastante elevadas e o cheiro a enxofre também é muito intenso.
Recordar o fantástico sabor do cozido à portuguesa das furnas já me fez aguçar o apetite.
Das várias plaquinhas com os nomes dos restaurantes, escolhemos O Miroma.
Foi o melhor cozido à portuguesa que comi na vida.
Na primeira vez que fui à ilha, comi cozido, mas sabia muito a enxofre, por isso, não fiquei fã.
Dizem que se a panela não estiver bem isolada, é algo que pode acontecer.
Desta vez estava perfeito!
O restaurante O Miroma é muito calmo, espaçoso e tivemos um atendimento excelente.
Recomendo vivamente, até porque o preço também foi muito em conta.

O Restaurante localiza-se na zona das Furnas, outra das zonas de passagem obrigatória nesta visita de 24 horas em São Miguel.
O percurso faz-se muito rapidamente a partir da zona das Caldeiras.

Na freguesia de Furnas encontram-se alguns dos exemplos mais impressionantes da atividade vulcânica da ilha, pelo menos para mim.

À medida que nos aproximamos, o fumo torna-se mais intenso.

Uma das Caldeiras chama-se Caldeira de Pêro Botelho e foi a que mais me impressionou.
Além da água ser cinzenta da cor da lava, existem várias estórias sobre o homem que inspirou o nome da própria caldeira.
Diz-se que era uma pessoa com muito mau feitio e que um dia caiu lá dentro.

Daqui fomos para Ponta Delgada e assistimos a um belíssimo pôr-do-sol.
Ficamos num alojamento local, que entretanto fechou, mas em São Miguel não faltam opções e, para mim, a melhor forma de as encontrar é no Booking.
Ainda conseguimos jantar com uns amigos e beber uns copos no centro da cidade.
Ponta Delgada tem uma zona de bares muito gira e recomendável.
Um dos bares que conhecemos foi o Lisboa, Menina e Moça – A Tasca do Mário e tem a particularidade de disponibilizar música ao vivo, nomeadamente fado.
É um espaço moderno e muito acolhedor.
Não achei nada demasiado caro nesta ilha e mesmo passando apenas 24 horas em São Miguel, é uma experiência que vale muito a pena.
Para quem tinha dúvidas se compensa aproveitar as viagens low cost, espero ter ajudado a dissipá-las, pois atualmente fica quase tão barato ir aos Açores, num fim-de-semana, como ir de Lisboa ao Porto de carro.
24 horas em São Miguel foi uma aventura que mereceu ser vivida.
Faltou-nos apenas algo que adoramos: parar numas tasquinhas e conhecer os locais que as frequentam e as suas histórias.
Fica a promessa de que um dia voltaremos com mais calma ou então fazemos mais 24 horas só em tascas.
Depois de lerem todas estas dicas ainda não reservaram a vossa próxima escapadela?
Todos os mapas têm hiperligações para poderem ver e analisar o percurso no Google Maps, basta clicarem em cima do mesmo.
Boa viagem!

